Simplicidade Voluntária


SIMPLICIDADE VOLUNTÁRIA

A Sociedade Ocidental tem um conceito de modernidade muito caótico e deturpado. Modernidade se tornou sinônimo de destruição das condições harmônicas e equilibradas de vida do ser humano e da natureza. O homem dito moderno, com sua mentalidade de dono do mundo e senhor da criação (arrogante e prepotente), tem agredido a natureza e a si próprio de forma cada vez mais violenta.
Não é segredo pra ninguém que, segundo o parecer de vários cientistas, caso, sejam mantidas as atuais taxas de desmatamento, poluição e desperdício, os nossos sistemas sociais e econômicos (sejam capitalistas, socialistas, parlamentaristas, qualquer “ista”), não sobreviverão por muito tempo. A crise mundial é grande, imensa. Vivemos um período de profundas crises em todos os setores sociais. Os problemas da alimentação, a superlotação, a pobreza política e os conflitos sociais em gerais demonstram que os modelos criados pela civilização industrial, baseado na “mais-valia”, no consumo mecanizado e exacerbado, e no desperdício, tornaram-se insustentáveis. O planeta não suporta mais tanta agressão, descaso e luxúria.
Nós, humanos, estamos “ameaçados” pelos nossos próprios erros, pela falta de amor à vida, pela busca feroz de satisfação pessoal nas coisas materiais, pela ambição de achar que podemos ter e possuir para si, aquilo que a Existência colocou à disposição de todos os seus filhos: a terra, o dinheiro, a inteligência e o bem-estar. A nossa sobrevivência depende da conscientização das pessoas, da necessidade de descobrirmos uma nova maneira de viver, tanto individual quanto coletiva, em harmonia com a natureza em todas as suas formas de manifestações. A simplicidade Voluntária se faz necessária à nossa sobrevivência, como a grande porta que nos conduzirá de volta ao nosso verdadeiro caminho – o coração.
Ao longo da história, o homem Ocidental foi perdendo sua naturalidade, espontaneidade e simplicidade. Esse homem conquistou os mares, construiu aviões, computadores, espaçonaves fantásticas e já não sabe mais quais são as suas raízes. Transformou tanto a sua casa que se esqueceu dela, e a destrói em nome do “progresso e do avanço tecnológico”.
Se cada um de nós adotarmos a Simplicidade Voluntária que se faz urgente, abandonando o consumo supérfluo, vivendo com o necessário, deixando de lado esse modelo consumista, realizando nossos trabalhos manualmente, fabricando nossos objetos caseiros sempre que possível, pegando emprestado da natureza somente o necessário, com amor e respeito. Se cada um de nós trabalharmos com o fim de propiciar o desenvolvimento de uma nova consciência baseada nos princípios da unidade da vida e do inter-relacionamento de todas as coisas, buscando valores culturais e espirituais mais elevados, desenvolvendo o ego e o self, adquirindo assim, o amor incondicional, poderemos “salvar” todas as espécies terrenas.
Precisamos despertar mudar o rumo desastroso que o planeta trilha e dá um novo sentido à vida, através da construção pessoal e conseqüentemente coletiva de uma nova consciência do ser, da natureza, do social da economia e da política.
Poderemos e já estamos formando novas tribos e comunidades alternativas que se voltam para esse construir diferente.
Para que esse novo tempo aconteça plenamente, a questão do clã é fundamental. Antigamente os homens viviam em grupos, em bandos, seus laços eram mais estreitos, os relacionamentos mais íntimos, o contato com a terra, a mata, o mar. O Mundo Moderno Industrial afastou o homem do seu meio de produção, tirando-lhe o conhecimento completo do seu trabalho, tolhendo sua criatividade; empurrando-lhe para um modelo de vida padronizado. O homem moderno (Pós-Revolução Industrial) passou a vender a sua força de trabalho enquadrando-se em padrões mecanizados, tornando-se seco, solitário, desconfiado...
Perdemos o elo com o umbigo do mundo, esquecemos quem somos, viramos algo comum, sem singularidade. A falta de referência é o grande mal do século XX, que tem suas origens na Antiga Sociedade Patriarcal e foi se fortalecendo ao longo do processo histórico de formação do Sistema Capitalista. A formação e a forma de organização dessa sociedade têm o poder de fabricar comportamentos, modelos, gestos, palavras e ações nas pessoas.
Embora o planeta e suas formas de organizações estejam onde e como estão, há um trabalho de formiguinhas valentes acontecendo em todos os cantinhos desse imenso planeta, no sentido dessas transformações gerais. Nasce uma nova tribo de homens e mulheres com o sol da consciência pulsando em seus corações. Pessoas dispostas a transformar esse modelo de vida falido. Essa “Nova Raça” chega trazendo a sabedoria e a luminosidade despertada. Criaturas muitas vezes consideradas loucas e perdidas porque seus sonhos não estão voltados para luxúria e para o egoísmo. São andarilhos, hippes, ecologistas, artistas, visionários, amantes da vida, da beleza, da natureza, da simplicidade Voluntária, do amor ao próximo. Pessoas que descobriram que o verdadeiro diamante de felicidade e harmonia se encontra dentro e não fora de si. Perceberam que a Mãe Terra pode ser um lugar de alegria e abundância para todos independentes de status, cor, nacionalidade. Sabem que existe um lugar especial para cada um de nós filhos do Planeta Azul. Esse planeta nos acolhe há bilhões de anos, doando-se em toda a sua plenitude. E nós? O que fazemos com todo esse amor? Estejamos atentos e abertos para amar e zelar pela nossa Grande Casa com naturalidade, leveza, boa vontade e simplicidade, deixando fluir e florir nossa essência perfeita, harmônica, luminosa…Simplesmente…

Simone Bichara – Acre. 1998.

11 Response to "Simplicidade Voluntária"

  1. Greci Says:

    Belo texto amiga. Necessario!

    Abçs

  2. Graça Lacerda Says:

    Atualíssimo, Simone!

    Parabéns!

    Abraços,
    Graça Lacerda

  3. Atena Says:

    Puxa, Simone, arrasou!
    O texto tem mais de dez anos, mas poderia ter sido escrito hoje.
    Assino em baixo palavra por palavra.
    Antes que eu me esqueça: em dezembro, num comentário sobre a Aula de Filosofia, pedi para por um link do mesmo em meu blog, mas não recebi resposta.
    Você pode ver isso pra mim? Agradeço.
    beijos e parabéns pelo texto.

  4. Marcos Says:

    Simone
    seria ótimo se todos tivessem essa simplicidade voluntaria. ou a simplicidade, ou o voluntario, mas nos falta os dois...pena...

  5. Anônimo Says:

    É o grande resgate que todos nós precisamos fazer- simplicidade...

  6. guilherme Bichara Martins Says:

    Amei esse texto! Super atual e necessário!

  7. julia bichara martins Says:

    Bom artigo! Acho muito importante para o planeta e todos os seus habitantes. Júlia Bichara Martins - 9 anos

  8. Carlos Says:

    Simone,
    Que maravilhoso!!!!!

  9. Alma Acreana Says:

    Simone,
    uma década de vida desse texto e continua tão atual.

    Ah, dia 24 retorno para Rio Branco e fico até dia 27.
    Espero encontrá-la quando aí chegar!

    Abraços!

  10. Unknown Says:

    Lindas! Amo artes Simone,adoraria ter algo feito por vc!
    Amei tudo, mosaicos e mandalas uma grande paixão! Parabéns! Pena não estar em Bsb. Bjos

    Denise
    denisepagp@hotmail.com

  11. Edmilson Antônio da Silva Says:

    Parabéns!!! Belíssimos trabalhos todos são magníficos.

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