Mandala "PACIÊNCIA"

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Paciência

Formosa Senhora, que faz da doce cortesia presságios de amanheceres,
Faz-me sua serva.
Erva. Seiva. Fibra.
Pois preciso da sua sutileza lilás para domar a besta que em mim teima em estar.

Contempla-me com as suas elegias silenciosas e taciturnas
Onde é preciso derramar lágrimas temporais
Para que a serena primavera atemporal brote na ode do nosso peito.

Preciso do seu sorriso bondoso e do seu olhar aconchegante
Que discretamente se deita no coração do amante
Que nada pode fazer a não ser esperar a próxima revoada.

Não é em vão, Senhora, que é mulher. Fêmea. Expressão Feminina.
Pois só um Ser que já provou uma barriga preenchida por vida
E uma entranha germinada, pode em si conceber consolo.

E no engodo que nos submetemos a cada dia
É necessário que em ti vejamos poesia.
Maestria de viver, muito mais que esperar.

Sei que será em seu brilho que os obstáculos se ofuscarão
E como um clarão dadivoso, a esperança se plasmará na melhor realização.
Como sei que é só através das suas carícias que é possível acalmar um coração.

Posso ver a estrela de oito pontas arraigada em seu centro
Pois para tê-la é preciso possuir plenitude e regeneração.
Paciência só nasce na amplidão. Na confiança total, mesmo em profunda escuridão.

Senhora, que agora, adubo com gotas de suor, sangue e lágrima em meu coração
Fertilize o meu solo com o seu colo, para que já não haja dor na continuidade;
Para que eu possa compreender que a Sábia Eternidade é a sua maior companheira

E até mesmo na mais derradeira emoção
Devo tê-la em minha mente
Para que a razão não se perca nos ditames ardilosos da ilusão.

Que no momento chegado, Grande Dama, você se transforme em coragem
Para que possamos emergir da lama e nos transformar em lótus
Abrindo os nossos corpos aos céus, e estendendo-nos além da Margem.

E nesse ciclo infinito, onde é posto uma grande virtude em paisagem
Relembremos o ensinamento como um hino: paciência não é apenas dom divino, é exercício diário.

Hoje vim contemplá-la numa das suas formas mais belas
Amanhã, quem sabe, me apareça dentro de mim
E assim, velas, ancoradouros e mar estarão alinhados no melhor destino a navegar.
Harmonizados na sua calmaria. Suavizados em sua poesia. Pincelados em sua arte de ninharia.

Paciência que ainda não é minha, mas que vive visitando a minha alma e me entregando à calma; fazendo-me fluir e ir... Onde eu possa encontrar a mim.




Mandala de Simone Bichara – Texto de Daniella Paula Oliveira

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