" A NUDEZ"

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A nudez

Nua como a semente. Lá estava ela. Meio demente ou completamente consciente. Em uma consciência só dela, que é imperceptível aos nossos olhos retrógrados e frívolos.
Olhavam-na como se nela houvesse uma espécie de ouro indesejável – brilhante, reluzente, precioso, embora indesejável por não houver coragem suficiente de buscá-lo.
Ela estava lá, naquela multidão de olhos iguais, fulminantes e famintos de medo. Intrépida nas cordas bambas dos julgo, caminhava como uma bailarina ao vento, no ar, sendo impossível cair.
Em seus seios havia marcas de dentes; ela alimentou todo o seu universo. Em seu umbigo existia a contração do nascimento; ela pariu todas as suas sombras para fora de si. Em suas pernas de cicatrizes várias tinha um colosso da sustentação de todo o seu corpo; ela bailava todas as danças da sua redondeza.
Não tinha pés. Foram arrancados dela quando descobriram que ela podia voar.
Sua grandeza era tão escalafobética, tão incabível em qualquer definição e tão sem forma e ao mesmo tempo forte e densa que de súbito éramos obrigados a fechar os olhos para vê-la.
Ao falar de olhos, os dela eram de além. Olhos que viam além de tudo o que aparentemente parece ser. Ela era capaz de ver além da linha do horizonte, além do fatigar humano, além das retinas indolentes, além dos calos das vítimas, além dos calos dos tiranos.
Suas mãos não tinham traços de labirintos dos fados; era uma mão lisa. Não havia linhas, delineamentos, nem um sinal para os profetas. Ela havia limpado todo o seu fado.
Em sua expressão não havia sorriso e nem lágrima; seu ser era de uma paz atemporal, na qual, transcende a alegria e a tristeza. E em suas leves rugas, os desenhos do seu deus criança, que mal aprendeu a desenhar.
Em seu coração não existia nódoa e pulsava como um tambor estelar repleto de infinda existência.
Suas mãos bailavam no invisível, e em seus diversos gestos suaves, era desejoso se atentar para os seus dedos compridos e harmônicos.
Lá estava ela; junto à primavera, junto ao seu cerne incorruptível, junto à elevação que não se atinge pelos os julgo alheios. Não se importava com as palavras ultrajes, com os silêncios delambidos, com as bocas estupefatas, com o sangue nos pulsos, com as cóleras de quem não sabia reconhecer nela a pureza nata de um deus.
Chamaram-na de louca, como provinha chamar. Tamanha era a sua sensatez que ela aceitou a sua loucura.
Sem pés, em pé; lúbrica e imaculada; aterrada e voando; confusamente bela; dignamente nua.
Mas a multidão não suportou a brandura sem forma de um ser atemporal, vendo através dos seus monóculos limitados e tacanhos, atiraram pedras e fogo. Atiraram através da agressão os seus desejos de serem maiores a ponto de ser igual. Agrediram por medo da liberdade. E como ela não tinha mascaras nem escudos para protegê-la, as pedras rasgaram a sua carne e o fogo os seus poros. E quantos mais acometiam suas profundas fúrias, mais bela ia se tornando ela; pois ela ia se tornando luz. Suas veias iam se rompendo, e ao invés de sangue, saiam delas luzes de todas as cores e no chão formavam as artes dos pintores invisíveis que nela habitavam.
Das suas vísceras rompidas surgiam poesias dos tocantes mais sublimes dos seus diversos poetas.
Por fim, restou apenas o néon de um corpo ressequido e a reluzente alma de um ser que nos habita. Essa luz foi se espalhando e adentrando as entranhas da multidão, e coexistindo com o “Ela” que há em todos.
E ela, não se tornou santa, bendita ou heroína, mas tornou-se a nudez de cada Ser.

Daniella Paula Oliveira
31/03/2010

"VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR SUA VIDA".

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Você é o único responsável por sua vida
Por Simone Bichara

Com o homem, o natural, o processo automático de evolução, termina. O homem é o último produto da evolução inconsciente. Com o homem, a evolução consciente começa.
Quando a evolução é ainda inconsciente é um processo automático; não há incerteza. As coisas acontecem através da lei de causa e efeito. A existência é mecânica e certa. Mas com o homem, a consciência a incerteza vêm à existência. Aqui nada é certo. A evolução pode florescer ou não. A semente, o potencial está ali, mas o homem tem o poder de escolher, ou não, evoluir, a escolha será totalmente de cada indivíduo.
Com a possibilidade da escolha, a ansiedade surge como uma sombra. Tudo tem de ser escolhido agora; tudo é um esforço consciente. Só você é responsável. Se você falha, você falha. É sua a responsabilidade. Se você é bem sucedido, é bem sucedido. É novamente sua responsabilidade. Como diz o grande mestre oriental Osho, cada escolha é definitiva, em certo sentido. Você não pode deixar de fazê-la, não pode esquecê-la, você não pode recuar. Cada escolha é feito no escuro, porque nada é certo. Eis por que o homem sofre de ansiedade. O que o atormenta, para começar, é: ser ou não ser? Fazer ou não fazer, fazer isto ou fazer aquilo?
A não escolha não é possível. Se você não escolhe, então você está escolhendo não escolher. E a não escolha terá tanto efeito quanto qualquer escolha.
A dignidade, a beleza e a glória do homem é esta consciência. Mas também é um fardo. Cada passo que damos é um movimento entre a glória e o fardo. Com o homem, a escolha e a individualidade consciente vêm à existência. Você pode evoluir, mas sua evolução será um esforço individual. Você pode evoluir para se tornar um Buda ou não. A escolha é sempre sua. Só você é responsável pela sua própria evolução. Comumente o ser humano tenta fugir da responsabilidade pela sua própria evolução, da responsabilidade da liberdade de escolha. Há um grande medo da liberdade. Quando você é um escravo, a responsabilidade por sua vida nunca é sua; outro alguém é responsável. No momento em que você se torna completamente livre, você tem de tomar suas próprias opções. Ninguém força você a fazer nada; é aí que começa a luta com a mente.
Você é o único responsável e esta responsabilidade é uma grande bênção camuflada. O velho padrão de evolução inconsciente terminou para nós. Você pode regredir a ele, mas você não pode permanecer nele. Diz o Osho que a evolução consciente só acontece se você a escolher, mas se você não a escolhe como as maiorias das pessoas fazem você estará numa condição muito tensa. E a humanidade dos dias presentes é desta forma. Nenhum lugar a ir, nada a ser atingido. Bem, nada mais pode ser atingido sem esforço consciente. Você não pode retornar ao estado de inconsciência. A porta está fechada e a ponte quebrada.
Você não pode tornar outra pessoa responsável por sua evolução. Você está no seu caminho para crescer, para evoluir.
Nós criamos deuses, ou nos refugiamos nos gurus, de tal forma que não tenhamos responsabilidade por nossas próprias vidas, por nossa própria evolução. Se não somos capazes de aceitar algum deus ou guru, tentamos então escapar da responsabilidade através de intoxicantes, ou drogas, bebidas, remédios que nos tornem inconscientes. Tudo isso é absurdo e infantil. Não resolve.
Uma vez que você começa a se tornar consciente de que somente você é responsável, não há escape através de nenhum tipo de inconsciência. E você é tolo de tentar escapar, porque a responsabilidade é uma grande oportunidade para a evolução. Da luta que é criada, algo novo pode evoluir. Tornar-se consciente significa saber que tudo depende de você. Tudo no fundo é uma parte de você, segundo o Osho. Para mim também é uma verdade forte. E cada um de nós é responsável por ela. Toda responsabilidade é sua. É minha! É de cada um!

Mosaicos

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Por Simone Bichara

MOSAICOS

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Por Simone Bichara

Alguns Mosaicos

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Por Simone Bichara

Simplicidade Voluntária

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SIMPLICIDADE VOLUNTÁRIA

A Sociedade Ocidental tem um conceito de modernidade muito caótico e deturpado. Modernidade se tornou sinônimo de destruição das condições harmônicas e equilibradas de vida do ser humano e da natureza. O homem dito moderno, com sua mentalidade de dono do mundo e senhor da criação (arrogante e prepotente), tem agredido a natureza e a si próprio de forma cada vez mais violenta.
Não é segredo pra ninguém que, segundo o parecer de vários cientistas, caso, sejam mantidas as atuais taxas de desmatamento, poluição e desperdício, os nossos sistemas sociais e econômicos (sejam capitalistas, socialistas, parlamentaristas, qualquer “ista”), não sobreviverão por muito tempo. A crise mundial é grande, imensa. Vivemos um período de profundas crises em todos os setores sociais. Os problemas da alimentação, a superlotação, a pobreza política e os conflitos sociais em gerais demonstram que os modelos criados pela civilização industrial, baseado na “mais-valia”, no consumo mecanizado e exacerbado, e no desperdício, tornaram-se insustentáveis. O planeta não suporta mais tanta agressão, descaso e luxúria.
Nós, humanos, estamos “ameaçados” pelos nossos próprios erros, pela falta de amor à vida, pela busca feroz de satisfação pessoal nas coisas materiais, pela ambição de achar que podemos ter e possuir para si, aquilo que a Existência colocou à disposição de todos os seus filhos: a terra, o dinheiro, a inteligência e o bem-estar. A nossa sobrevivência depende da conscientização das pessoas, da necessidade de descobrirmos uma nova maneira de viver, tanto individual quanto coletiva, em harmonia com a natureza em todas as suas formas de manifestações. A simplicidade Voluntária se faz necessária à nossa sobrevivência, como a grande porta que nos conduzirá de volta ao nosso verdadeiro caminho – o coração.
Ao longo da história, o homem Ocidental foi perdendo sua naturalidade, espontaneidade e simplicidade. Esse homem conquistou os mares, construiu aviões, computadores, espaçonaves fantásticas e já não sabe mais quais são as suas raízes. Transformou tanto a sua casa que se esqueceu dela, e a destrói em nome do “progresso e do avanço tecnológico”.
Se cada um de nós adotarmos a Simplicidade Voluntária que se faz urgente, abandonando o consumo supérfluo, vivendo com o necessário, deixando de lado esse modelo consumista, realizando nossos trabalhos manualmente, fabricando nossos objetos caseiros sempre que possível, pegando emprestado da natureza somente o necessário, com amor e respeito. Se cada um de nós trabalharmos com o fim de propiciar o desenvolvimento de uma nova consciência baseada nos princípios da unidade da vida e do inter-relacionamento de todas as coisas, buscando valores culturais e espirituais mais elevados, desenvolvendo o ego e o self, adquirindo assim, o amor incondicional, poderemos “salvar” todas as espécies terrenas.
Precisamos despertar mudar o rumo desastroso que o planeta trilha e dá um novo sentido à vida, através da construção pessoal e conseqüentemente coletiva de uma nova consciência do ser, da natureza, do social da economia e da política.
Poderemos e já estamos formando novas tribos e comunidades alternativas que se voltam para esse construir diferente.
Para que esse novo tempo aconteça plenamente, a questão do clã é fundamental. Antigamente os homens viviam em grupos, em bandos, seus laços eram mais estreitos, os relacionamentos mais íntimos, o contato com a terra, a mata, o mar. O Mundo Moderno Industrial afastou o homem do seu meio de produção, tirando-lhe o conhecimento completo do seu trabalho, tolhendo sua criatividade; empurrando-lhe para um modelo de vida padronizado. O homem moderno (Pós-Revolução Industrial) passou a vender a sua força de trabalho enquadrando-se em padrões mecanizados, tornando-se seco, solitário, desconfiado...
Perdemos o elo com o umbigo do mundo, esquecemos quem somos, viramos algo comum, sem singularidade. A falta de referência é o grande mal do século XX, que tem suas origens na Antiga Sociedade Patriarcal e foi se fortalecendo ao longo do processo histórico de formação do Sistema Capitalista. A formação e a forma de organização dessa sociedade têm o poder de fabricar comportamentos, modelos, gestos, palavras e ações nas pessoas.
Embora o planeta e suas formas de organizações estejam onde e como estão, há um trabalho de formiguinhas valentes acontecendo em todos os cantinhos desse imenso planeta, no sentido dessas transformações gerais. Nasce uma nova tribo de homens e mulheres com o sol da consciência pulsando em seus corações. Pessoas dispostas a transformar esse modelo de vida falido. Essa “Nova Raça” chega trazendo a sabedoria e a luminosidade despertada. Criaturas muitas vezes consideradas loucas e perdidas porque seus sonhos não estão voltados para luxúria e para o egoísmo. São andarilhos, hippes, ecologistas, artistas, visionários, amantes da vida, da beleza, da natureza, da simplicidade Voluntária, do amor ao próximo. Pessoas que descobriram que o verdadeiro diamante de felicidade e harmonia se encontra dentro e não fora de si. Perceberam que a Mãe Terra pode ser um lugar de alegria e abundância para todos independentes de status, cor, nacionalidade. Sabem que existe um lugar especial para cada um de nós filhos do Planeta Azul. Esse planeta nos acolhe há bilhões de anos, doando-se em toda a sua plenitude. E nós? O que fazemos com todo esse amor? Estejamos atentos e abertos para amar e zelar pela nossa Grande Casa com naturalidade, leveza, boa vontade e simplicidade, deixando fluir e florir nossa essência perfeita, harmônica, luminosa…Simplesmente…

Simone Bichara – Acre. 1998.

MANDALA INOCÊNCIA

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INOCÊNCIA


Ela demonstra seu sentir mesmo quando a idéia é punir.
Vive nas asas das borboletas, que pousam em ombros pesados e que em pouco tempo, seus sonhos de felicidades são esmagados.
Ela repousa sonolenta em mentes insones, e consegue adormecer no barulho agudo da dor.
Sorri para o medo e desconhece impunidade.

...

Está no espírito das flores recém-nascidas que racham o solo e se expõe ao sol, abandonando o conforto da semente para o desafio do florir.
Está nas correntezas que seguem adiante, cantando quando se chocam com as pedras, desbravando o tempo e desaguando em oceanos.
Está nos seios fartos de mães ressequidas que alimentam vidas.
No sangue impróprio que desce entre as pernas das meninas índias que mal sabem desenhar fetos.
...

Ela é o dilúvio do bebê reconhecendo vozes e confiando na maciez de um colo.
O dourado do trigo que se porta a pão.
A irradiação dos astros que iluminam nascimentos e caminhos, mesmo quando esquecidos.
A ternura da criação, que não sabe do reconhecimento, mas que teima em germinar.
...

Ela voa nas asas dos pássaros que pousam confiantes nos fios de luzes descascados.
Se alimenta da respiração abandonada e restos de sonhos empoeirados.
Dança ébria nas veias amarelas dos rios puros, que mal sabem que os seus pedaços estão manchados logo mais a diante.
Percorre os caminhos sem atalhos onde se pode viver mais e chegar mais tarde.
...

Pássaro contente que voa entre abutres famintos. Força singular que permite unidade. Aperto de mão sincero com intenção de amizade. Gênese dos verbos. Sensação de etéreo. Os elementos que vivem na Mandala. Impulso primário que o Escultor usou para esculpir no barro, o Homem.
___
Projeto: A Mandala e a Palavra
Arte de Simone Bichara - Texto de Daniella Paula Oliveira

OS GUARDIÕES DA TERRA

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O Brasil deveria se orgulhar da sua população indígena, e se envergonhar de nao ter uma política séria que ajude a preservar as etnias indígenas, fazer valer seus direitos e garantir a posse de suas terras. Os índios são os guardiões da terra. Ecologistas por natureza, amam e mantêm com a natureza uma conexão sagrada, divina.

Em minha terra, o Acre, ainda existem algumas tribos isoladas, índios que nunca tiveram contato com o homem 'branco' e seu mundo 'civilizado'. São nômades e caçadores que habitam as imensas matas da floresta Amazônica.

Aqui no Acre,os Povos Indígenas estão melhor organizados em suas cooperativas; suas terras quase todas demarcadas e uma certa política governamental que visa tratar dessas comunidades. Isso tudo, graças ao trabalho de anos de alguns antrópolos e sertanistas como Terri Aquino, Antônio Macêdo, Meirelles dentres outros, e também, pelo trabalho de Organizações Civis, como a CPI e o CIMI. A grande conquista dos Povos Indígenas no meu estado, foi o fortalecimento das lideranças indígenas. As tribos são fortes, conscientes de seus direitos e de seus valores . Cada vez mais os Povos Indígenas se organizam e despertam para a importância de fortalecer suas raízes culturais, sua língua mãe e sua ligação ancestral com a Terra e a Floresta.

Terras indígenas é sinal de floresta preservada, bem como a fauna e a flora. Eles sabem desde sempre a importância do 'meio ambiente' para a continuação da vida no planeta e a subsistência de todos os povos. São os verdadeiros donos da terra e, por isso, os seus guardiões eternos.

Salve a Mãe Terra!
Viva a Floresta e todo o seu povo!

Simone Bichara

Jung e o Espiritualismo

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Em diversos sites esotéricos e espiritualistas, vemos artigos de Carl Gustav Jung e da Psicologia Junguiana. No ramo do Espiritualismo, Jung é muito conhecido, inclusive livros de e sobre Jung e sua Psicologia são muito indicados em palestras e estudos espiritualistas.
Vamos ver neste texto o uso, o estudo e as descobertas de Jung com meios Espiritualistas e espirituais como o I-Ching, a Alquimia, os Símbolos, a Intuição, as Mandalas e o Budismo e também algumas de suas vivencias. Jung fez publicações sobre todos esses meios, e na maioria deles, Jung estudou durante muitos anos.


Por: Ricardo Chioro

Intuição

Um tema que é espiritual entrou para a Psicologia de Jung, e este tema é a Intuição. Jung falava que a intuição é quando sabemos de algo, sem que aquele saber passe pelos nossos pensamentos; você simplesmente sabe, mas não existe um raciocínio que o leve a conclusão daquilo que você sabe.
No Espiritualismo a intuição está associada ao Chakra Ajna, que é o Chakra da intuição.

Retorno para Deus

Jung dizia que na vida humana existe a busca de um sentido para ela, e que esta busca, é a busca do retorno ao Uno, a Deus. É o retorno, pois a alma saiu de Deus, que a criou, e tem que voltar para o mesmo, e ela clama por esse retorno.
Assim sendo, a psique, vivencia um processo que leva ao crescimento interno, a uma conscientização de ter uma finalidade na psique, que trás o ser humano ao autoconhecimento, chamado por Jung de individuação.
Carl G. J. dizia que para este processo há um arquétipo (uma estrutura psíquica dentro do inconsciente coletivo) centralizador e organizador de nossa vida psíquica, que se possui uma imagem do divino, que é o Self.
“O Self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal - como um círculo, mandala, cristal ou pedra - ou pessoal como um casal real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de Divindade.”( Fadiman e Frager, 2002, p. 56 na ed. Harbra)

Crescimento Espiritual

“Com suas pesquisas sobre mitos e simbolismo, Jung desenvolveu teorias próprias a respeito da individuação ou integração da personalidade. Mais tarde, ele se impressionou profundamente por diversas tradições orientais, que forneciam a primeira confirmação exterior de suas próprias idéias, em especial seu conceito de individuação.” ( Fadiman e Frager, 2002, p. 46 na ed. Harbra)
“Jung descobriu que as descrições orientais do crescimento espiritual, do desenvolvimento psíquico e da integração, correspondem rigorosamente ao processo de individuação que ele observou em seus pacientes ocidentais.” ( Fadiman e Frager, 2002, p. 46 na ed. Harbra)
Com esse trabalho de Jung na tradição oriental, abriram-se muitas portas, para estas tradições aqui no Ocidente; elas foram mais faladas e mais comentadas, existiram observações científicas, por uma pessoa muito famosa e conceituada, o Jung.
Muitas pessoas da ciência e psicólogos, que não são espiritualistas, acreditam na validade de práticas orientais, como as da Yôga, Meditação e outras, graças a esse trabalho.
O Crescimento espiritual é a pessoa, enxergar seus defeitos, e mudar para não tê-los, enxergar suas qualidades, e mudar, se valorizando e gostando mais de si e enxergar quem os outros são e se modificar para lidar melhor com eles. Para crescer espiritualmente você pode enxergar estas coisas e com isso obter as auto-modificações propostas. Um psicólogo atua para que as pessoas tenham este descobrimento, e as técnicas do Yôga, do Budismo e do I-Ching, estudadas por Jung, levam a isso também.
Carl escreveu o livro: "Psicologia da Religião Oriental e Ocidental" no qual além de abordar o fenômeno religioso, também trata da religiosidade no Oriente e no Ocidente.

Símbolos


Jung descobriu que o inconsciente se expressa através de símbolos. Ele viu que existem símbolos no inconsciente coletivo (dentro de nós), símbolos religiosos tais como o símbolo do dharma budista, a cruz, a estrela de David entre muitos outros.
Eu procurei a Psicóloga Junguiana Dra. Maria Aparecida Diniz Bressani para me esclarecer sobre este tópico e ela disse: “Para Jung, cada pessoa que nasce, traz consigo como que uma "herança ancestral" de toda a história da humanidade codificada em símbolos.
O ser humano vive, na verdade, simbolicamente, porém, com seu racional desenvolvido (principalmente aqui no ocidente), acabou se afastando do ser divino que há em si (que se expressa por meio de símbolos) e é por isso que ele, atualmente, não consegue compreender a linguagem dos símbolos.
É preciso saber "ouvir" os símbolos!”.
Obrigado Dra. Maria!
Carl escreveu o livro: "Homem e seus Símbolos". Outro livro dele que também trata de de símbolos é o "Tipos Psicológicos" além de falar sobre religião, mitologia e filosofia.

Mandalas

Jung estudou a mandala e utilizou em seu consultório, assim pode constatar que seus pacientes melhoravam ou relaxavam com o uso da mesma. Ele dizia que a mandala poderiam trabalhar a Psique, atuando para o processo de autoconhecimento do cliente.
Mas claro que existem mandalas especificar para este trabalho, outras atuam em áreas diferentes.
Jung descobriu que as mandalas expressavam conteúdos interiores do ser humano, e no seu estudo das manifestações do inconsciente, seus analisados produziam de forma espontânea desenhos de mandalas, sem saber o que ela é ou o que estavam fazendo, e ele dizia, que isso tende a acontecer com pessoas que possuem um progresso muito grande na sua individuação.
Jung ficou muito interessado no símbolo mandálico taoísta chamado A Flor de Ouro, e dizia que era um material trazido frequentemente por seus pacientes.
A Flor de Ouro é desenhada tanto como um ornamento geométrico regular, ou de cima, ou um borrão crescendo de uma planta. A planta com freqüência nasce da escuridão, possui cores ardentes e tem um botão de luz no topo.
Jung publicou um livro chamado “O Segredo da Flor de Ouro”, junto com Richard Wilhelm.

I-Ching – O Livro das Mutações

Quando Carl G. J. entrou em contato com o I-Ching encontrou relações entre este livro e seus próprios pensamentos.
O I-Ching é um livro usado para respostas de um oráculo, onde se faz uma pergunta e se usa uma técnica com varetas ou moedas com um calculo, que vai indicar aonde no livro a está a resposta para sua questão.
Jung usava este oráculo com seus pacientes. Teve um caso que Jung estava tratando um jovem com complexo de Édipo e o I-Ching respondeu que a jovem é poderosa e não se deve casar com ela.
Através do I-Ching, Jung formulou a teoria da sincronicidade, que diz que paralelos ocorrem entre o mundo mental e material.
Jung também escreveu uma introdução para o I-Ching.
Ele teve uma excelente relação com este oráculo.

Budismo

Jung se interessou pelo Budismo no seu aspecto de lidar com o sofrimento.
No seu trabalho como médico, ele lhe dava com a dor dos outros, e o Budismo lhe serviu para que pudesse lidar melhor com isso já que fala muito no sofrimento.
Para o Budismo, o sofrimento acaba quando atingimos a iluminação. Isso é, quando a pessoa atinge um nível de autoconhecimento muito grande, que algumas pessoas vêm como maximo grau de evolução espiritual, e outros vêem que esse progresso continua mesmo após isso, mas em um outro nível.
Carl mostrava um respeito muito grande pelo Budismo e também estudou símbolos e mandalas Budistas, além de que trouxe uma idéia que é muito similar ao Budismo: Que o ego no processo de autoconhecimento, até a pessoa atingir o nirvana, vai entender sua relatividade, e de que é na realidade uma ilusão.

Alquimia

As pessoas em geral tendem a ver a alquimia como algo pseudo-científico e sem validade. Jung não, ele encontrou nesta tradição ocidental uma maneira simbólica de descrever o crescimento pessoal.
Ele via nas escrituras de metamorfoses mágicas e químicas representações do processo de auto-transformação e auto-conhecimento. A transformação do metal comum em ouro, era para Jung, uma mudança interior, para uma consciência e atitudes melhores.
Com isso Jung também conseguiu muito mais aceitação por parte das pessoas pela Alquimia, que a consideravam uma bobagem.
Muitas pessoas que lêem a Alquimia por Jung acham que a interpretação da simbologia como processo de individuação, substitui como processo de transformação do metal em ouro, mas eu não acredito nisso, acho que ela pode ser tanto a transformação do metal em ouro, como no autoconhecimento; acredito que as duas são verdadeiras.
Jung escreveu os seguintes livros de alquimia: "Psicologia e Alquimia", "Estudos Alquímicos", "Mysterium Coniunctionis I" e "Mysterium Coniunctionis II". Estes dois últimos, contendo estudos avançados.

Experiências Espirituais de Jung

Os pais de Jung eram pastores luteranos e desde cedo ele era afetado profundamente por questões espirituais e religiosas.
Quando tinha doze anos de idade, saiu da escola, “viu o sol cintilando no telhado do Catedral, refletiu sobre a beleza do mundo, o esplendor da igreja e a majestade de Deus sentado no alto do firmamento, num trono de ouro” (Fadiman e Frager, 2002, p. 43 na ed. Harbra). Logo em seguida o rumo que seus pensamentos iam tomando era uma linha considerada altamente sacrilegiosa, e no âmbito de repressão religiosa da época eles eram impensáveis, por isso foi algo aterrorizante.
Por vários dias Carl tentou suprimir o pensamento proibido, até que então, se permitiu continuar a sua linha de pensamento, e viu de lá do alto do trono de ouro de Deus sair um coco enorme que caiu em cima do teto da igreja e a despedaçou. Com isso sentiu um aliviou enorme e um estado de graça.
“Interpretou a experiência como uma prova enviada por Deus para mostrar-lhe que cumprir seu desejo pode fazer com que a pessoa vá contra a igreja e contra as mais sagradas tradições”. (Fadiman e Frager, 2002, p. 43 na ed. Harbra)
Quando Carl tinha sessenta e nove anos, passou por uma extraordinária experiência, ele quase morreu no hospital por um ataque no coração e se viu flutuando no alto em cima da terra, e ele, então, entrou em um grande bloco de pedra que também flutuava, havia lá um templo escavado e à medida que subia os degraus da entrada do templo, viu que deixava para trás sua história e viu também que era uma grande matriz histórica, que nunca tinha percebido antes.
Mas antes de entrar no templo foi chamado pelo seu médico dizendo que não tinha o direito de morrer.
É interessante, que já vi algumas pinturas sobre Plano Astral Superior, que é o Céu, que alias fica em cima da terra, e essas pinturas pareciam templos e cidades flutuando.
Quando Jung se recuperava do ataque cardíaco, se sentia deprimido e fraco durante o dia. Durante a noite acordava com sentimentos de profundo êxtase, tinha visões noturnas que duravam cerca de uma hora, e, essas visões deram-lhe coragem para formular algumas de suas idéias mais originais.
Quando Jung se curou, entrou em um período muito produtivo, onde escreveu uns de seus trabalhos mais importantes.
“Estas experiências mudaram também a perspectiva pessoal de Jung para uma atitude mais profundamente afirmativa em relação ao seu próprio destino”. (Fadiman e Frager, 2002, p. 44 na ed. Harbra)
Aqui vai uma deixa para aquela idéia espiritualista que as coisas não acontecem por acaso, elas acontecem para aprendermos algo.

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