MANDALAS - ESPELHOS DA ALAMA

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MANDALAS - ESPELHOS DA ALMA

Mandalas significa centro, circunferência ou círculo mágico. Jung associava a mandala com o self, o centro da personalidade como um todo. Tudo que o poder do mundo faz é feito num círculo. O céu é redondo, a terra é como uma grande bola, e as estrelas de longe também. O vento rodopia, os pássaros fazem seu ninho em círculos. O sol se levanta e se põe novamente em círculo. A lua faz a mesma coisa, e ambos são redondos.
As mandalas servem como um mapa da realidade interior que orienta e sustenta o desenvolvimento psicológico daqueles que desejam progredir na consciência espiritual. A mandala tibetana por exemplo, serve como um auxiliar visual à meditação, um instrumento externo para provocar e obter as visões em serena concentração e meditação.
Tradicionalmente, as mandalas servem como instrumento de meditação que intensificam a concentração no eu interior. Ajuda a fazer esse mergulho mais profundo, a fim de levar a pessoa a atingir experiências significativas. Ao mesmo tempo, elas produzem sua ordem interior, ajudam na arrumação da casa interna.
O self gera um padrão na sua vida interior. As mandalas feitas por você revelam a dinâmica do self ao criar uma matriz onde e sua identidade única se desdobra.
A mandala sugere mistérios que podem faze-la parecer exótica, confusa ou mesmo difícil. Na verdade, é tão simples como brincar, quanto uma brincadeira de criança. É algo que está dentro, como o útero, a alma, basta você se permite colocar pra fora e fazer essa viagem colorida e rica, dentro do seu mais profundo ser.
Jung, psicólogo suíço que trabalho com o inconsciente coletivos e os sonhos, descobriu que desenhar e pintar mandalas é parte natural do processo de individuação. Isto é, nos auxilia no caminho da descoberta da nossa natureza própria e única em todo o universo. A mandala nos ajuda a recorrer à reservatórios inconscientes de força que possibilitam uma reorientação para o mundo exterior. É um veículo para a auto-descoberta, o indivíduo se lança numa jornada em direção ao self, sem garantia de chegada, apenas com a esperança da eterna transformação. Cada mandala é uma nova descoberta, um novo mergulho, um grande silêncio, uma eterna cura...
Quando criamos uma mandala geramos um símbolo pessoal, entende? Algo que revela um pouco ou muito do que somos num dado momento ou simplesmente, como estamos nesse momento. O círculo que desenhamos contém e até atrai, partes conflitantes da nossa natureza, por isso o ato de criar uma mandala produz uma inegável descarga de tensão. A mandala nos proporciona juntar nossas partes perdidas,como uma montagem de um grande quebra-cabeça. Traz amorosamente nossos pedaços de volta, possibilitando uma vida mais plena e inteira. Desenhar mandalas é como desenhar uma linha de proteção ao redor do espaço físico e psicológico que identificamos como nós mesmos; criamos nosso próprio espaço sagrado, um lugar de proteção, um foco para concentração de nossas energias. Um espaço que é só seu, aonde você se acolhe, se expressa, se manifesta, se permite, crê e vê e faz o mergulho dentro, se descobrindo, se tocando, abrindo um espaço para Ser o Ser que realmente É. Em fim, o simples fato ou ato de desenhar dentro do círculo, a sua mandala, o espelho de você mesmo, pode fazer que experimente um sentido de unidade – juntamos os pedaços do nosso Eu e nos tornamos inteiros, simples...


Simone Bichara - Artista plástica e terapeuta holística

TREINAMENTO BÁSICO EM RENASCIMENTO

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RENASCIMENTO OU TERAPIA DA RESPIRAÇÃO
Por Simone Bichara


Caros amigos, conheci o Renascimento em 1995, foi uma revolução em minha vida. Nunca antes havia experimento uma técnica tão poderosa e, o mais impressionante, ela é completamente natural, acontece atraves da respiração que é a própria vida, incrível isso, não é?

Eu recomendo esse trabalho, posso indicar , pois há anos, ele vem sendo um guia de grande força e poder em minha jornada de aprimoramento e crescimento em todos os aspectos da minha vida e do meu Ser.


Há anos, a terapeuta holística e psicóloga Anand Ramyata vem difundindo o Renascimento pelo Brasil. Ela é uma mestra nessa técnica. O Renascimento é fantásticamente transformador e libertador. Todos os anos, Ramyata e sua equipe organizam grupos para receber pessoas de todas as partes do globo. Sejam em workshops de fins de semana, Treinamento Básico de quinze dias ou mesmo nos Grupos Avançados de dez dias. Seja quanto tempo for, não importa, são dias vividos de maneira intensa, onde cada um pode olhar pra si mesmo e ,atraves da técnica do renascimento liberar tudo aquilo que precisa ser liberado e renovado em você. O renascimento é tudo que a palavra já diz: UM RENASCER! Um renascer a cada respiração, a cada sessão. Um mergulho no seu mar profundo, um vôo pela sabedoria de sua alma, um despertar para a verdadeira alegria, para a delicadeza de ser e existir.



Renascimento é uma técnica simples, poderosa e sem qualquer contra-indicação, com a qual você pode tocar e dissolver de forma amorosa e consciente e, conseqüentemente, liberar bloqueios, memórias,traumas, tensões, medos, apegos e resistências antigas criando dessa forma,espaço para as transformações. Permitindo que o novo chegue e que a alegria e a celebração de VIVER e SER aconteça. A técnica do Renascimento atua liberando tudo aquilo que foi contraído no nosso corpo físico, emocional e mental, permitindo o crescimento e a aceitação de nós mesmos.


Respirar revitaliza, rejuvenesce, trás alegria, leveza,fluidez,coragem e nos mostra a nossa beleza interior, nos ajudando a curar nossos relacionamentos, a funcionar lá fora, na vida, de maneira diferente e praticar o amor incondicional – que é a nossa natureza divina.

No folder abaixo, as informações sobre período, local, contatos, etc.


Mandala "Fragmentos"

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Fragmentos

Cada naco de terra marrom e verde-lodo
Cada sorriso dourado de esperança do sagrado sol
Cada peixe, algas e grãos de areia que compõem o oceano
Cada singelo ano da imponente eternidade
Cada mistério por trás de pueris pensamentos
Cada acaso entremeado nos sutis momentos

Tudo aparentemente tão fragmentado
No atropelado barulho da mente;
Mas quando os olhos se cerram para dentro,
Quando voltamos à atenção para o Centro,
Percebemos com contentamento a imensidão de fagulhas formando o Universo.
E mesmo quando vivemos o inverso
O som e ação ecoam para o Vento do Eterno...

Quando arraigamos a nossa razão nas raízes do Bem
E as nossas emoções nos princípios da Beleza
É tão natural quanto o brotar de flores primaveris
Termos em nós a Generosidade e a Nobreza;
Formados de pequenas centelhas de virtudes,
De fragmentos sagrados ao contemplar a natureza
Vamos encontrando em nós a harmonia perfeita dessa Realeza.

O fogo aceso da Vontade que impera sobre as nossas caprichosas quimeras
E a latente luz, que mesmo estando ofuscada pela a dureza do egoísmo, radiosa vive em nosso íntimo
Vão tecendo o bordado da Unidade, com as pequenas parcelas de amor que depositamos nos fragmentados atos.
E assim, entrelaçados de pureza e ideal descobrimos em nós o Mundo,
E no Mundo o Ideal.

E de toda a perfeição imaginável
A inesgotável fonte de sonhos
E toda a possibilidade de realidade.
Saberemos, então, direcionarmos os nossos tantos Eus.
E com a delicadeza de mãos que já aportam em si à beleza do carinho, vamos retirando as máscaras do nosso caminho.
Usando a nossa fragmentada personalidade pela tão estonteante Unidade.

O fragmento das coisas ditas alheias
São tão fundamentais para a construção de firmes teias
Quanto à intenção de morada da aranha.
Tanto quanto os fragmentos que sustentam os nossos sonhos
São essenciais para engendrar os nossos mais palpáveis planos.

Quem, no entanto, não é inteiro nos instantâneos gestos
Jamais será preenchido com a colossal beleza do Universo!

Mandala de Simone Bichara – Texto de Daniella Paula Oliveira

CANTOS DO SERINGAL - por Isaac Melo

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Esse texto retirei do belíssimo Blog "Alma Acreana" (almaacreana.blogspot.com), do tão belo quanto, Isaac Melo. Ao ler o texto de Isaac fiquei completamente emocionada, tocada... Uma saudade imensa de tudo que ele relata sobre a vida na floresta, nos seringais. Embora não tenha nascido e vivido num seringal, como acreana, como uma amante da floresta, também pela oportunidade que tive em trabalhar com índios e seringueiros, pude vivenciar o que é de fato viver dentro dessa imensa floresta que é a Amazônia.
Sei do belo que encanta, fascina. Conheço a riqueza que a mata possui, suas árvores, seus frutos. Sei da dureza que é enfrentar a selva, a distância, o isolamento.
Isaac é um daqueles acreanos que nos orgulha por seu amor à sua terra e por sua sabedoria em usar as palavras e transmitir sentimentos e impressões.
Seu blog é um espaço essencialmente acreano, filosófico, uma aula sobre a História do Acre, sobre nossos escritores, poetas, artistas em geral e sobre Os Povos da Floresta. Eu amo!


E este é um relato riquíssimo e forte sobre o Seringal. Um canto de poeta sobre uma árdua e bela poesia!


CANTOS DO SERINGAL - por Isaac Melo

Dias há em que desperto com as lembranças do seringal. A verdade é que me apetecem as recordações da floresta. Não por um saudosismo melancólico. Seringal não é um espaço bucólico no estilo das pastorais virgilianas. Seringal é dureza, é luta, é esforço... No entanto, seringal é encanto, é beleza, é harmonia...
Nove anos vivi num seringal. O seringal Sumaré, no rio Tarauacá. Impressões de um tempo que ainda me impressionam e o tempo não as apagam. Não carrego memórias na cabeça. Minhas memórias habitam o meu peito. Não preciso fazer força para pari-las. Elas surgem e escorrem tranquilas como as águas de um igarapé quando é chegado o verão.
Uma paisagem, um barulho, um cheiro basta para me transportar às reminiscências do seringal. A mata vislumbrada do alto dá uma impressão de monotonia. É preciso descer, percorrê-la, habitá-la. Então a mata se desdobra numa miscelânea de cores, cantos, aromas, formas, tamanhos... A mata inebriante desperta a sobriedade dos sentidos.
Enquanto o céu derrama-se em pétalas douradas por sobre as majestosas copas de samaumeiras, cumarus, seringueiras, no anfiteatro da selva silenciosa mil vozes ecoam numa sinfonia perfeita. Tal polifonia de cantares é harmonia, é sincronia de tudo o que há. Nada é fora do seu tom, do seu ritmo, da sua poesia... Ali só a ganância humana é anomalia.
A selva quanto mais selvagem mais fascínio me causava. Por ela nunca sentir pavor, embora me apavorassem as histórias contadas sobre os seres fantásticos que a habitavam: mapinguari, visagem, caipora... Um medo, porém, reconheço, o de atravessar matas de igapós, medo dos estrambóticos e fatais poraquês. Ou das cobras peçonhentas. Minhas duas ressalvas.
Como o mais novo de casa, gostava de acompanhar meus irmãos nas caçadas, nas pescarias, nas estradas de borracha, nas andanças pela mata. Meus sentidos ficavam despertos para tudo o que não me era comum. Novas sensações para um corpo que desconhecia as extravagâncias da civilização. Minha civilização era o que sentia, via, degustava, apalpava ou sonhava.
O que se encondem nos olhos de um menino de seringal? Escondem-se as manhãs em que o sol, despontando vagaroso lá na curva do rio, vem trazer a aurora no cantar de um bem-te-vi; escondem-se o voo das andorinhas que, à tardezinha, enfeitavam o céu, levemente retocado de azul, indo pousarem sobre a galharia de uma velha árvore arrastada pelo rio.
À frente de casa passava o rio. O rio de tantos repiquetes com seus balseiros a descer, e que tanto mexiam com meu imaginário infantil. No verão, as águas sumiam e as praias surgiam com suas areias tão alvinhas. Aí viviam os tetéus e os maçaricos que eu costumava perseguir a força de baladeiras e reboladas em dias de peraltices.
Ao fundo de casa, antes de atingir a mata, ficava o igapó, onde abundavam os aguapés e as vitórias-régias. Aí também estava assentada a tábua onde mamãe lavava a roupa, sobretudo no tempo do inverno, quando as águas dos rios eram ainda mais barrentas. No igapó encontravam-se as jaçanãs, com um cantar fino e belo.
Bonito de ver eram as noites de verão. A noite, como um manto pontilhado de diamantes reluzentes, se estendia sobre nós. Uma lua enorme adornava de prata os campos, as matas, o rio. Nem Van Gogh com sua A Noite Estrelada seria capaz de dar uma noção daquele espetáculo tão natural que chegava a ser sobrenatural. A noite desperta outros cantos.
Meu irmão chamava-o sapo canoeiro. Era o kampu. Um anuro pequeno, mas quando coaxava se agigantava, pois tão imponente ressoava o seu cantar. Produz uma substância que pode ser fatal, embora os seringueiros e ribeirinhos o aplicassem, em justa medida, para retirar panema e atrair a sorte. Herança da sabedoria dos povos indígenas.
Dos barrancos quem dava o tom era o Bacurau. Pássaro de perfeita camuflagem. Pipilo um pouco nostágico, não tanto como o da Mãe-da-lua, outro mestre da camuflagem. Seu canto penetrante e melódico invadia a noite e me despertava sensações estranhas. Pobres de nós que transferimos às aves as impressões do nosso próprio coração.
E o que dizer da Acauã? Reza a lenda que seu canto é agourento. Prenúncio de morte ou desgraça. Quando entoava seu piar mamãe, na sua piedosidade cristã supersticiosa, logo exclamava: “Deus conjuro, condenada!”. Apesar de nossa ingratidão, a avezinha persistia em ofertar o seu singelo cantar, às vezes logo ao amanhecer, outras ao apontar da noite.
O Cancão também tinha um canto forte, estridente, como é próprio das aves falconiformes. Dizem que ele costumava acompanhar os temíveis bandos de queixadas. Daí meu receio. Os anus-corocas, que a gente chamava de arigó, costumavam fazer algazarras às margens dos rios e saiam voando e fazendo ecoar seu canto rouco com o aproximar das canoas.
Nossa casa parecia se enamorar do rio à sua frente, com seus dois olhinhos a mirá-lo de cima do barranco. Casa coberta de palha de jaci ou ouricuri. Soalho de paxiúba. Paredes de paxuibinha. À sua frente um trapiche. Trapiche de onde acompanhava as exibições cinematográficas projetadas na grande tela por sobre a selva.
Sentado à ponta do trapiche, enquanto o sol começava a ser engolido pela boca da noite, ficava a admirar o casal de papagaios em seu voo curto e deselegante, o bando de garças, as maracanãs chilreantes, as graúnas, os japós... Do aceiro da mata vinha o canto dos nambus. Por entre as palhas, nesgas de fumaças iam mesclar-se à bruma lá fora.
Poucas vezes vi o espetáculo de um barreiro, isto é, um depósito natural, às vezes às margens de um igarapé, rico em salitre, aonde inúmeros animais vêm comer. Chilreios ensurdecedores de centenas de periquitos num vai e vem incessante. Mas a mata tem o som ímpar, para mim, do Corrupião. Toda vez que o ouço gorjear minha alma volta a fundir-se à floresta.
A mata me viu nascer, crescer, voar. Por isso ficou impresso na alma um naco de cada canto: do cicio da cigarra ao brado do guariba. A selva de pedra nunca sufocara a selva das minhas reminiscências... Ainda ouço o chiado das folhas secas no caminhar dos varadouros... Ainda trago nos olhos uma noite florida de estrelas, onde a lua desabrocha em pétalas prateadas.
A floresta nunca foi o inferno. Nem o paraíso. A selva é o que a selva é. Selvagem. Há encantos e artimanhas. Não é amiga. Nem inimiga. É generosa. Abundante. E pode ser cruel. Mas não há maldade. Há a vida. E tudo o mais gira em seu entorno. A floresta me faz esteta. Não romântico. E quem me dera ter alma de poeta, pois “que triste não saber florir”.

Postado originalmente em: http://almaacreana.blogspot.com/2012/01/cantos-do-seringal-isaac-melo.html

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