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Isaac Melo tem uma alma acreana. Tem uma sensibilidade que transcende; uma particularidade na escrita que a torna suave e profunda e, o melhor, tem poesia e percepção nos seus sentidos.
Foi capaz de sentir as Mandalas da Floresta com uma propriedade que não só me deixou lisonjeada, como em êxtase de alegria, ao perceber que elas tocam esse ser tão sensível.
Isaac, mais uma vez, muito obrigada!
Para vocês, o texto que ele escreveu sobre o meu trabalho e o link do maravilhoso Blog Alma Acreana de autoria de Isaac Melo – o “dono” não só da Alma Acreana, como da Alma Sábia e Buscadora.
SIMONE BICHARA, O BELO E A EXISTÊNCIA
Por Isaac Melo
Alles Leben Leiden ist – toda vida é sofrimento – afirmava o filósofo alemão Schopenhauer, pensamento relevante para a composição de sua filosofia do belo. Mas, para o filósofo, há um momento privilegiado, iluminado e redentor, em que consideramos a essência das coisas, deixando de lado o sofrer. É o momento da contemplação estética da Idéia, do belo. Se a Vontade se afirma na natureza por motivações fenomênicas e ilusórias, eis subitamente a possibilidade de instalação, na consciência, de uma outra visão, outra perspectiva, isto é, de vivenciarmos outro estado diferente do cotidiano. O belo pode apresentar-se a qualquer instante, basta haver ocasião favorável, pois o que possibilita o estado estético é uma “ocasião externa” ou uma “disposição interna”. Quando menos esperamos, somos surpreendidos e eis a beleza!
As palavras anteriores organizei-as, a partir de um livro de um dos maiores conhecedores do pensamento schopanhaueriano, Jair Barboza, a quem tive a o privilégio de ser aluno. Palavras recolhidas para falar de uma acreana, artista plástica, criadora de belezas.
Simone Bichara surpreende com sua arte. Em suas pinturas e mosaicos somos acometidos por aquele torpor que toda verdadeira arte deve provocar naqueles que a contemplam: o deslumbramento, o transcender. A arte como exploradora da existência humana, ajuda-a também a desvelá-la. Para Schopenhauer, temos a beleza quando nos libertamos, por instantes, do estado existencial doloroso, e assim nos perdemos por inteiro na luminosidade da beleza. Difícil pensar diferente quando se observa as mandalas da artista riobranquense.
Nas mandalas encontram-se nacos da alma de Simone Bichara. Mandala (da palavra sânscrita मण्डल) dentre o seu universo simbólico pode ser compreendida como a representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. Dito com as palavras da artista acreana: “as mandalas servem como um mapa da realidade interior que orienta e sustenta o desenvolvimento psicológico daqueles que desejam progredir na consciência espiritual. É um poderoso instrumento visual que provoca visões, concentração e meditação. São formas, portanto, que representam unidade, organização e harmonia”.
Conhecedora de sua arte não se satisfez apenas com a bagagem intelectual que adquiriu, História (UNB) e Holismo (Fundação Cidade da Paz/Bsb). Foi aos recônditos da alma acreana, à floresta, à convivência com indígenas, seringueiros e ribeirinhos, descobrindo dentro da floresta as cores e as formas mágicas e curadoras que emanam das matas. Fato que, se não agregou mais valor ao seu trabalho, com certeza, mais autencidade.
De Simone e sua arte não falo como entendor, me falta competência para tal, mas antes como admirador intrépido de nossas belezas, sejam elas artísticas, culturais, naturais ou humanas, desde que nos ajudem a sair da caverna escura da ignorância de nossa própria existência.
Postado em www.almaacreana.blogspot.com
24 de novembro de 2010 às 12:46
Simone,
que lisonja!
Obrigado pelas palavras!
Que seu trabalho continue a trazer muitas alegrias e mais ainda a você!
Um forte abraço!
25 de novembro de 2010 às 15:22
Maravilhoso o texto!
E realmente o seu trabalho nos permite isso tudo.
Beijos
28 de novembro de 2010 às 08:44
Vc merece toda delicadeza, todas a homenagens, todas a palavras de bem. Beijo
28 de novembro de 2010 às 10:08
Simone:
Que texto lindo para homenageá-la. Com certeza merecido.
Mesmo após as psicoterapias que fiz, continuo com uma "neura": sou fissurada em beleza e - radical nesse aspecto.
Viajei com o texto, ao mesmo tempo que lia, minha mente me mostrava coisas belas que já vi.
Estou sempre ligada para apreciar o belo, um dos motivos de aqui voltar com frequência, pois suas mandalas são belas, independente de seu valor como ferramentas espirituais.
Se quiser espiar algo que escrevi, não sobre o belo, mas intrinsecamente alinhado, veja:
http://expandiraconsciencia.blogspot.com/2010/09/voce-tem-tempo-para.html
Acho que vai gostar.
Parabéns pela homenagem e por sua obra.
beijos