Que possamos ser como a relva - que tem a flexibilidade
de se abaixar durante as tempestades e se reerguer na calmaria; que tem a
firmeza de se manter segura ao seu solo enquanto as ondas inundam seu
território, confiante de que elas também passarão; e que tem a humildade de se
resignar perante uma força maior que ela.
Que possamos ser como as nuvens – que cantam enquanto se
transformam em chuva, sem querer ser melhor nem pior que nuvens, apenas ecoam
louvores à transformação.
Que sejamos nós tão íntegros e belos quanto a Natureza
que nos dignifica a alma. Que na nossa natureza também sejam expressas as
dádivas da vida e a beleza da existência…
Só reconhecemos a grandeza das montanhas e a delicadeza
das flores, porque tais virtudes habitam o nosso ser. E embora muitas vezes nos
esqueçamos de adubar o nosso jardim, não significa que as boas sementes estejam
mortas. Latente em nós está a voz do vento que entoa os segundos; firme em nós
está a sabedoria do ancestral carvalho e a inocência do despertar de um broto.
Tanto quanto vibra em nossa lareira interna o fogo que aquece e transmuta todas
as coisas, e as águas que perpassam os séculos.
Observemos as nossas labutas diárias não na contramão dos
fatos, como se elas fossem um martírio imposto por um destino inexorável, mas
faremos como o pássaro que detém a liberdade do labor – trabalha por respirar o
Bem e por ele ser grato. Sejamos também construtores da nossa morada interna, e
tenhamos a elegância de bem decorar o nosso ninho.
Aprazemos com a nossa consciência as virtudes que
queremos viver, e como o sol que todos os dias nos mantém a vida e irradia o
esplendor, sejamos responsáveis em mantê-las vivas e altivas em nossos
pensamentos, palavras e ações.
Todos os minutos nos são dados exemplos sublimes. Sejamos
capazes de reconhecê-los; de não distorcer a qualidade da uva devido ao mau
vinho; de não azedar o melado devido à doente saliva; de não culpar a paisagem
pela visão limitada.
Não confundamos o sopro do vento com as nossas emoções à
deriva. Saibamos que há sabedoria por trás do desprender da folha de outono,
como há sabedoria por trás da realidade, cuja nossa frágil compreensão não
alcança.
Que o canto do rouxinol bendize a nossa voz, para que
nossas palavras sejam melodia alegre para os corações. Que o silêncio dos vales
abençoe os nossos pensamentos, para que sejamos serenos e transparentes em
nossas expressões. Que a constância dos mares resvale sobre os nossos ombros,
para que sejamos firmes em nossas missões. Que a imensidão do Céu nos ensine a
magia de nossos divinos mistérios, e a grandeza da Terra nos auxilie a aceitar
o adubo e o lixo, e a tudo transformar em vida.
Que possamos ser o que estamos predestinados a ser:
Humanos.
Daniella Paula Oliveira
18 de novembro de 2012 às 18:59
Lindo demais esse texto. Era o que eu precisava ler hj.
19 de novembro de 2012 às 10:35
A Dani escreve inspirada pela beleza de sua alma... Parabéns!
20 de novembro de 2012 às 13:01
qualquer palavra seria pouca para desmembrar tamanha grandeza de espírito da pessoa pela qual o texto foi escrito.
parabens simone e obrigado por compartilhar.
29 de novembro de 2012 às 16:38
LINDO LINDO.