KENÊS*
Escreva nas minhas veias a escrita primordial. A mais original das candeias que aqui nos iluminou.
Borde em mim, com agulhas fagulhadas em urucuns, os kenês do seu povo bravo, bárbaro; incandescente de coragem, força e dor.
Tatue o amor (que eu já tenho me esquecido do seu valor).
Branca, assim como sou, preciso urgentemente da sua escrita delicada que sangra em corpos nus, nos nacos dessa floresta sem fim.
Kenês retalhados. Símbolos ilibados. Códigos enleados.
Literatura construída no cimento verde das árvores roucas e dos pássaros mudos. Delineada por rabiscos tontos dos puros sensatos da paz. Daqueles que querem nada mais,
- que unidade orgânica e inorgânica com os demais.
Venham índios, tribos, colossais...
Venham todos para a minha aldeia há tempo fragmentada
Junte as palavras (in) decifradas e fazem delas a escrita indígena dos seus matagais.
Traga para dentro de mim a mata azul e o rio lacrimoso; o ardiloso bailar dos seus pés.
Pinte-me com as pontas das asas das araras, para que eu possa voar com as suas graciosas sílabas, com as suas tênues palavras em forma de desenho poético.
Trace em mim o seu traço hermético.
Kenês de frutíferas imaginações, indagações e expressões.
Awê, caciques e pajés!
Salve os seus totens escritos e garatujados nos corpos e nas almas fagulhadas de luz.
Awê, Mandala Kenês!
Salve a contemplação que nos leva e nos eleva à Naná, aos Manás de Tupã, aos caboclos, índios e índias que há tempos escrevem em nós.
Que há tempos nos pitam com o jenipapo e o urucum, dessa Terra de todos e nenhum.
Awê, Kenês!
Escreva nas minhas veias a escrita primordial. A mais original das candeias que aqui nos iluminou.
Borde em mim, com agulhas fagulhadas em urucuns, os kenês do seu povo bravo, bárbaro; incandescente de coragem, força e dor.
Tatue o amor (que eu já tenho me esquecido do seu valor).
Branca, assim como sou, preciso urgentemente da sua escrita delicada que sangra em corpos nus, nos nacos dessa floresta sem fim.
Kenês retalhados. Símbolos ilibados. Códigos enleados.
Literatura construída no cimento verde das árvores roucas e dos pássaros mudos. Delineada por rabiscos tontos dos puros sensatos da paz. Daqueles que querem nada mais,
- que unidade orgânica e inorgânica com os demais.
Venham índios, tribos, colossais...
Venham todos para a minha aldeia há tempo fragmentada
Junte as palavras (in) decifradas e fazem delas a escrita indígena dos seus matagais.
Traga para dentro de mim a mata azul e o rio lacrimoso; o ardiloso bailar dos seus pés.
Pinte-me com as pontas das asas das araras, para que eu possa voar com as suas graciosas sílabas, com as suas tênues palavras em forma de desenho poético.
Trace em mim o seu traço hermético.
Kenês de frutíferas imaginações, indagações e expressões.
Awê, caciques e pajés!
Salve os seus totens escritos e garatujados nos corpos e nas almas fagulhadas de luz.
Awê, Mandala Kenês!
Salve a contemplação que nos leva e nos eleva à Naná, aos Manás de Tupã, aos caboclos, índios e índias que há tempos escrevem em nós.
Que há tempos nos pitam com o jenipapo e o urucum, dessa Terra de todos e nenhum.
Awê, Kenês!
Daniella Paula Oliveira
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Arte: Mandala Kenês - de Simone Bichara
Texto: Kenês - de Daniella Paula Oliveira
Do Projeto: A Mandala e a Palavra
*Kenês = escrita indígena
18 de fevereiro de 2011 às 01:13
Me faltam palavras.......
É realmente lindo o trabalho.
18 de fevereiro de 2011 às 02:43
Muito bonita a mandala e lindo texto...
Essa dupla está de parabéns.
Obrigado por nos brindar com tanta beleza e consciência.
18 de fevereiro de 2011 às 14:23
Coisa mais liiiiiiiiinda!
18 de fevereiro de 2011 às 18:02
Gente
essa mandala é muito linda. Qual é o tamanho?
e o texto também, como disse a amiga, essa dupla está de parabéns.
Abs
19 de fevereiro de 2011 às 14:29
surpreendentemente lindos, ambos os trabalhos.
parabéns!
20 de fevereiro de 2011 às 08:13
Awê, a beleza da obra e do texto, no casamento perfeito.
21 de fevereiro de 2011 às 02:36
Dani, sua escrita me comove. Seus textos elevam minha arte e muitas vezes vão além da mesma. Você consegue dizer com as palavras o que eu só consigo ‘falar’ pintando. Posso sentir sua conexão com a terra, com a floresta e com as profundezas do mar sagrado quando entra na essência das mandalas e consegue captar sua vibração, sua mensagem ao mundo. Ao mesmo tempo que sua escrita completa minhas mandalas, ela por si só, torna-se uma arte única, capaz de arrebatar os corações e nos levar a espaços profundos dentro de nossas naturezas íntimas e da natureza cósmica. Transformar pinturas em poesias é um dom raro e grandioso! Você é uma jovem escritora de grande valor, conhecimento e sabedoria. Uma artista da palavra que criativamente e de modo singelo e único faz as mandalas bailarem nos palcos da palavra poética que é sua escrita, onde nada tem limites ou dimensões e a imaginação passeia pelo nobre mundo da arte tão escassa e necessária á sobrevivência da beleza e da alegria.Obrigada por engrandecer a minha arte e por nos fazer transportar ao mundo criativo e divino da poesia e da palavra escrita. Beijos, Simone Bichara
22 de fevereiro de 2011 às 07:39
uau!
premeie-nos com um livro urgentemente. o mundo precisa de vcs!!!!!!!
2 de março de 2011 às 03:58
Muito lindo esse espaço, pena que é um pouco distante de onde moro! Disse distante não impossível! Rs... Gostei do Blog! Parabéns!